sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Adeus Hulk

Esse blog andou meio abandonado porque eu tava enfrentando uma batalha. Hoje a batalha acabou. Infelizmente.

Vou contar pra vocês a história do Hulk. Ele é um cachorro que pertencia ao meu tio. Por algumas voltas na vida dele, ele veio passar uma temporada com a gente, no início de 2006. Alguns dias depois de chegar, ele foi buscar o cachorro dele. No início, eu era terminantemente contra ele. Morria de medo. Tinha muito pavor. Porém, com o passar do tempo, o cachorro começou a mudar a opinião que eu tinha sobre ele. Ele começou a me conquistar.

Passado o tempo do meu tio aqui, ele se mudou de cidade. Como ele não conseguia achar uma casa com um lugar legal pro Hulk, ele ficou aqui com a gente. Começamos a tomar conta dele e ele a fazer parte da nossa família. Ele adorava companhia. Sempre queria ficar no meio de todo mundo. Adorava um carinho e, quando tu começava, ele deitava pedindo mais. E, se tu parrasse, ele ficava brabo. Eu mencionei que era um Rotweiller? Pois bem... a temível raça dos cachorros que eram violentos, que atacavam pessoas sempre entrava aqui dentro de casa chorando. Desesperadamente. Carente.

O meu caso de amor por esse bixinho só aumentou com o passar do tempo. Toda vez que eu entrava em casa, ele pulava em cima de mim pedindo carinho.

Quando eu me machuquei e tive que ser operado, ele, sem saber, foi quem mais me ajudou. Ele me fez passar pelos meus dias de solidão, me fazendo companhia. O que ele pedia em troca? Um chamego. Eu adorava passar o tempo com ele. Me divertia vendo ele brigar com a coberta e sonhando quando dormia, acoando sozinho. Passava horas escovando o pelo dele. Eu criei uma relação de(sim, é o termo certo) amizade com o cachorro. Ele me obedecia. Quando eu tinha que andar com as muletas, ele sempre ficava me cuidando de longe. Ele entendia as palavras "Hulk, me dá licensa" e levantava e ficava me olhando. Não funcionava com mais ninguém. Só comigo. As vezes eu falava alguma coisa pra alguém e ele me olhava, como se tivesse prestando atenção e entendendo o que eu dizia.

Quando estava chegando a hora de eu voltar ao trabalho, ele começou a adoecer. Levamos à uma veterinaria que diagnosticou um problema. Receitou alguns remédios. Ele parou de comer, então, tivemos que procurar algum veterinário para que desse injeções com o remédio. Esse veterinário, na primeira visita, disse que o nosso amiguinho estava com cinomose(detalhes ao final do post), uma das piores doenças de animais. Começamos uma batalha com o Hulk. Injeções, todos os tipos de comida, das mais diversas maneiras. Ele tinha alguma dificuldade de levantar, por isso, as vezes precisavamos incentivar ele por muito tempo pra ele levantar. Depois de um tempo, ele passou a rejeitar comida também. Os vomitos eram muito frequentes quando ele se alimentava.Começamos a dar soro liquido contra a desidratação e tentar dar comida com vitaminas na boca. Era uma briga, ainda tenho algumas marcas de tentativas de dentadas dele nas mãos.

Na última semana, a situação começou a piorar. Ele passou a não levantar mais, não comer mais, só conseguiamos dar remédio pela água dele. Ele começou a não controlar mais a urina e, dois dias atrás, não controlava mais nada. Ele fazia os números 1 e 2 deitado. Cada vez que ele fazia alguma sujeira, ele ficava muito sem jeito. Envergonhado. No início, ele subia, se escondia em algum canto da casa. Precisava de muita conversa e carinho para tirar ele do canto aonde ele ia parar.

Começamos a dar soro na veia, porque ele tava muito fraco. Ontém ele deu uma reagida legal. Estavamos almoçando, de repente, meu pai viu ele sentado, na porta. Não sei como, mas ele conseguiu atravessar toda a sala. Coitadinho, não tinha força pra levantar. Levamos ele no sol, para ele pegar um sol, mas ele logo ficou com calor, levamos ele na garagem. Eu tive que sai para ir trabalhar, dizem que ele não queria, de jeito nenhum ficar lá. Sai de casa chorando, mas tinha certeza de que o cachorro tava melhorando. Ele queria, só não conseguia. Ele sempre teve muita força de vontade.

Passei o dia inteiro fora de casa, no percurso trabalho-fisioterapia-aula. Quando voltei, o veterinário estava aqui em casa e havia nos aconselhado a eutanásia, porque o nosso amiguinho iria sofrer muito. Aquilo caiu sobre mim como uma pedra de algumas toneladas. Desabei no choro. Não tive reação. Só consegui fazer carinho no meu amiguinho. Fui durmir. Tentar né, porque não consegui. Chorei muito durante a madrugada.

Levantei de manhã cedo, quando sai do meu quarto, ele tava com a cabeça erguida, me olhando. Deu pra ver a expressão dele mudando quando me viu. Ele tinha ficado feliz. Fui lá e fiz carinho nele. Comecei a preparar o meu café e ofereci água pra ele. Fiz mais carinho. Quando sai de casa me abaixei, dei um beijo nele, ajeitei a cabecinha dele bem bonito no travesseiro e fui pro trabalho. Claro, tudo isso chorando muito. Se eu soubesse que era a última vez que eu veria ele...

Minha mãe me ligou quando eu tava saindo do trabalho pra almoçar. Ela me avisou que o veterinário iria buscar ele ao meio dia. Não tive coragem de vir para casa. Sabia que iria passar mal. Também não consegui almoçar. Chorei muito, como o dia inteiro. Acabava ali a nossa luta e terminava o sofrimento do nosso amiguinho.

Eu ainda to acabado. Passei muito mal esses dias. To muito triste por não ter conseguido vencer a luta. Eu sei que me esforcei. Fiz o que podia e algumas vezes, o que não podia (que o dr. Wilson não leia isso). Sinto que eu não pude ajudar como podia o meu amigo, assim como ele me ajudou quando eu precisei. Fico menos chateado porque ele não sofreu. Se ele continuasse, o fim dele seria terrível. Tratamos de dar para ele, na última noite um conforto do tamanho do afeto que ele tinha por nós. Lavamos ele, deixamos ele cheirosinho, montamos a cama dele na sala, deitamos ele no travesseiro dele.

Eu fico com a imagem dele na cabeça dos momentos bons, ou, pelo menos, dos momentos onde ele parecia numa paz inabalável. Daquele cachorro bonito (um dos cachorros mais bonitos que eu conheci) pedindo carinho na barriga, fazendo pose de exibido, erguendo a cabeça pro teto, quando eu escovava ele, ou deitado, com a cabeça no travesseiro, coberto, só com a cabeça pra fora durmindo, dos sonhos dele quando durmia.. enfim.. tudo o que ele fazia era diferente.

Hulk, aonde quer que tu esteja:
Desculpa por qualquer coisa
Torço pra que tu encontre o maior pão do mundo só pra ti
Se precisar da tua coberta, pode avisar
Manda um abraço pra mim pra Kika e pra Vó Tereza. Diz que eu sempre lembro delas.
Cuida de mim, do pai, da mãe e da Dani, porque a gente nunca vai te esquecer
Muito Obrigado. Do Fundo do Meu Coração. Muito Obrigado Mesmo.

Ps: Preciso deixar o meu agradecimento ao Vinicius, da Veterinária Dal Fovo. Não são muitas as pessoas que fariam por nós o que ele fez

A cinomose é uma doença altamente contagiosa provocada pelo vírus CDV (Canine Distemper Virus) ou Vírus da Cinomose Canina (VCC). Ele degenera os neuronios e também aparecem infecções, devido à baixa da imunidade do animal. A transmissão ocorre, em geral, através do contato com secreções do nariz e boca do animal. Isso pode se dar através de um espirro do animal doente, espalhando a secreção ao redor e contaminando os cães que estejam por perto. É muito importante que se diga, que o vírus da Cinomose tem pouca resistência a nível ambiental, ou seja, fora do organismo do seu hospedeiro, o que facilita o controle ambiental da disseminação da doença. Não existe um tratamento, ele depende da imunidade do cachorro e é extremamente letal. A melhor maneira de combater essa doença é vacinando, portanto, VACINE O SEU CÃOZINHO.

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